Óleo sobre tela - detalhes de uma marinha em fase de secagem

"...a obra é mostrada em fragmentos. Não há nisso um propósito de criar curiosidade, trata-se de diluir o foco - ver a obra em partes, sem a preocupação com a paisagem, mera coadjuvante, algo como o folhetim
de uma ópera, a história de um grande filme. Ficam os momentos de grande desempenho de um solista, a entrada triunfal de um coro, um diálogo convincente entre atores de talento.
Tomo o tema como meio, não mais como um fim em si mesmo, a despeito da beleza deslumbrante das paisagens marinhas do Rio de Janeiro - belezas pertencentes à paisagem e um pouco ao olhar de quem tem o  privilégio de contemplá-las.
O negócio é a COR - seus acordes, rompimentos, contrastes e harmonias, luz, textura e óbviamente forma.
Não é indiferente pintar uma grande área de azul ultramar ou pintar um ponto com a mesma cor. Um triângulo rosa funciona de um modo e um círculo da mesma cor de outra maneira e assim por diante. Muitos quadrados juntos podem ser monótonos até que um losango rompe a calmaria e assim segue. As possibilidades de combinação de formas, cores e tonalidades é infinita para o alcançe da mente humana e para o tempo limitado que dispomos para pintar e para viver. Por isso continuo a produzir. É um sentido de aventura, desbravando o universo da arte visual. Apesar das inquisições críticas que teimam em limitar o mundo da arte ao quadrado em que se encontram. Tolices, manobras interesseiras, pobreza de espírito!
Também me divirto com isso, me faz rir..."