banhos de mangueira no quintal, amassos e armário,
filho, nora, cunhada, irmão, mulher.
Tatuís testemunhas comidos no jantar.
Ida à praia, fim de tarde, banho de mar,
sol mais baixo, ameaça de chuva, tira a roupa da corda.
Alongamento, Carlos Santana começa a solar, chove agora ali,
aqui um arco íris fecha o dia, portal policrômico
da ilha da fantasia, da Itaocaia às Maricás.
Parabólica abertura do show
Pura tecnologia
Pirotecnia, laser, efeitos especiais
A praia se dissolve ao longe
Fusão de areia e céu, luz e magia
Mar verde, cinza
Todo flat
Mergulhos, risos, jacarés, tatuís
Só um sarnambi
Azul no céu, roxo ao lado
Cinzas magentados, ouro, prata
Elefante por nuvens coroado
Rica jóia de áureos fios
Coroa, manto bordado
Duas horas de êxtase, presente de Deus, filme sendo rodado,
vai passar no cinema, na locadora locado, pessoas sentadas,
em casa, trancadas, viverão nossas alegrias. Prazer alugado,
na tela representado, pipocas sim, caranguejos não,
ao fim do filme, a exclamação: é bonito! Isso não existe, felicidade
de cinema é feita para enganar, é tudo efeito, esses atores
são pagos para serem felizes. André, Loyde, Antonio, Ana,
não existem, nem essa praia com elefante e arco íris.
É tudo efeito especial, sorriso artificial.
Quando tudo acaba, a fantasia vira realidade,
a gente muda de canal: faculdade, banco, armário montado,
arruma, paga, viaja. Até a proxima, adiós, até breve.
O filme vai ser reprisado e
no carnaval, outra fita filmada.
Já está tudo ensaiado.
Antonio Machado
Itaipuaçu
29/01/07
Eu estava lá, no dia do armário, no filme, vivendo essa felicidade que parecia de cinema, mas que era real. E foi tudo exatamente como você colocou, nessa forma de escrever tão bonita que eu admiro tanto. Antonio, você foi a melhor coisa que me aconteceu. E agradeço a Deus por esse presente maravilhoso que é ter você na minha vida. Te amo.
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