domingo, 28 de junho de 2009

TEXTO AUTOBIOGRÁFICO

ARTE E VIDA, minha história

Sempre gostei de arte, em especial da pintura. Minha infância foi vivida entre livros, alguns sobre pintura, muito ilustrados, que faziam parte da pequena biblioteca do meu pai. Havia também o tio Alfredo, grande desenhista, artista sensível, pintor autodidata que eu admirava e tentava imitar.

A maior parte da minha vida vivi em Niterói, cidade vizinha do Rio de Janeiro que, como ela, situa-se às margens da belíssima Baía de Guanabara, com porto, estaleiros, praias, ilhas, enseadas e montanhas cobertas de matas tropicais, áreas montanhosas de clima ameno e restingas com lagunas na região oceânica, onde se vêem praias selvagens, dunas de areia e colônias de pescadores artesanais.

Creio que qualquer pessoa se encantaria com toda essa beleza natural que até hoje me encanta e inspira.

A necessidade de sobreviver e ganhar o sustento me levou a praticar arte de diversas maneiras, o que eu considero ter sido fundamental para minha formação profissional.

Ainda na adolescência trabalhei pintando à mão cartões de natal com tinta guache. Depois, fui trabalhar num escritório de engenharia exercendo diversas especialidades no desenho técnico. Trabalhei como desenhista de interiores e decoração; fui ilustrador e layoutista publicitário.

Toda a experiência obtida de forma tão diversa na área de desenho me deu recursos e estímulo para o fazer artístico exclusivamente plástico.

Comecei a pintar como autodidata no final dos anos 70 e cheguei a vender alguns quadros até conhecer o meu primeiro mestre, Aluizio Valle, já idoso, sábio e consagrado.

Aluízio me estimulou a continuar pintando e também me falou da necessidade de um aperfeiçoamento técnico que eu poderia adquirir freqüentando as aulas do professor Celmo ou me aconselhando com o pintor Tolentino, ambos grandes artistas da cidade onde eu vivia. Assim eu fiz, empolgado pela perspectiva de me tornar um profissional qualificado e realizar o sonho de ser artista, acalentado desde a infância.

O mestre Aluízio havia sido discípulo de Pedro Bruno, artista de grande capacidade, formado no século XlX no meio acadêmico, de tendência neoclássica / romântica.

Após anos de muita dedicação ao estudo, repensei minha pintura que, não podendo mais se isentar das técnicas recém aprendidas, também não poderia dispensar a pureza e a criatividade do período autodidata. A partir daí, iniciei uma série de estudos com vistas à abstração da minha pintura. Pintei inúmeros quadros modernizados, abstratos, expressionistas, impressionistas, cubistas, numa série de releituras, até chegar a uma linguagem própria, representativa de todas essas experiências, porém, exclusivamente, a serviço do impulso criativo.

A observação permanente da natureza, a reflexão filosófica e a experimentação plástica orientaram minhas últimas fases, que sempre são precedidas por esboços de lápis, bico de pena ou aquarelas.

Atualmente meu atelier se localiza em Itaipuaçu, município de Maricá, praia próxima da cidade de Niterói, mas isolada da metrópole pela reserva florestal da Serra da Tiririca que cerca a restinga, formando um complexo de matas, areias e praia selvagem, com muitos pássaros, água e ar puros. Essa localização privilegiada, onde se desfruta de paz e segurança, estimula a criatividade, facilita a inspiração e o rendimento da pintura.

A imaginação, a memória do passado nas praias de Niterói e os estudos nos estaleiros, onde se formaram gerações de pintores niteroienses, e o entorno do atelier, subsidiam as obras que realizo atualmente.

Itaipuaçu, novembro de 2007

Antonio Machado

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